Estratégias de redução de custos na cadeia de suprimentos

​É de conhecimento geral que as empresas precisam melhorar, a cada dia, suas operações, tornando-as mais eficientes frente aos concorrentes para que não haja perdas na demanda. Isso acontece também na logística e na cadeia de suprimentos. Com os gigantes do mercado investindo tanto na melhoria das entregas, especialmente quando falamos de custos e velocidade, é extremamente importante não ficar para trás.

No ano de 2021, ainda durante a pandemia, o Mercado livre investiu cerca de R$ 10 bilhões em logística. Esse investimento tem como objetivo fazer com que as entregas sejam mais eficientes (com menos custos e mais rápidas (CNN, 2021). Da mesma forma, em abril de 2021, a Amazon anunciou que faria entregas expressas na cidade de São Paulo, com a compra em um dia e a entrega no dia seguinte (EXAME, 2021).

Em um mercado tão concorrido quanto esse, parece impossível para muitas empresas conseguir competir. A redução nos custos desses grandes players e a maior eficiência obriga a pensarmos em estratégias criativas para não perder mercado.

O grande “Ás” por trás da redução de custo na cadeia de suprimentos está na otimização dos recursos utilizados por sua cadeia e na redução dos desperdícios. É claro que continua sendo de suma importância a escolha certa dos fornecedores com os menores preços, utilizando, por exemplo, o strategic sourcing, mas nesse caso, o “buraco é mais embaixo”.

INEFICIÊNCIAS

Aqui podemos pensar no conceito clássico do Muda, Mura e Muri. E, para explicá-los, vamos a um pequeno exemplo:
Muri

Suponha que uma empresa deva transportar seis toneladas de material para seu cliente e esteja considerando algumas opções. Uma delas seria empilhar todas as seis toneladas em um caminhão e fazer uma única viagem. Contudo, isso seria Muri, pois sobrecarregaria o caminhão (cuja capacidade de carga é de três toneladas).

Uma segunda opção seria fazer duas viagens, uma com quatro toneladas e outra com duas. Mas isso seria Mura, pois a variabilidade na quantidade de material chegando ao cliente criaria congestionamento na doca de recebimento, seguido de pouco trabalho.
Mura

A terceira opção seria carregar duas toneladas em cada caminhão e fazer três viagens, o que seria Muda, pois o caminhão estaria carregado apenas parcialmente em cada uma das viagens.
Muda


Fica claro, nesses exemplos, que a melhor opção seria com dois caminhões, cada um com três toneladas. Mas, será que as empresas procuram a maior eficiência para suas cargas? Esse exemplo pode ser utilizado não somente para o transporte, mas também para qualquer gargalo que ocorra durante a cadeia de suprimentos.

Trazendo o exemplo para a vida real: é preciso conhecer claramente os transportes, especialmente no Brasil, com todas as suas peculiaridades, para que não haja perdas de eficiência. Porque enviar grandes cargas que necessitam de envio rápido em caminhões LTL (cargas que não vão completas e podem dividir cargas com outras empresas)? Pode até parecer mais barato quando vemos apenas uma entrega, mas e no total das entregas feitas no dia? Não seria mais vantajoso enviar por FTL (cargas completas)?

Provavelmente, Muri, Mura ou Muda estão ocorrendo em algum ponto e reduzindo a eficiência da sua operação. Um ótimo exemplo de projeto que evitou essas ineficiências é: “Como foi projetada a fábrica de empilhadeiras da Toyota no Brasil?”. Além do artigo, caso queira saber mais sobre a redução de desperdício, que é o fundamento básico da metodologia Lean, veja nossos cursos!

DIVERSIDADE DE FORNECEDORES

Esse é um ponto muito delicado na hora de tomar decisões para a cadeia de suprimentos: quantos fornecedores devo ter. Sabemos que ter muitos fornecedores pode ser muito complicado, especialmente quando falamos do gerenciamento de contratos e do encaixe da operação. Porém, ter apenas um fornecedor, apesar de haver a chance de ótimo relacionamento entre as duas empresas, pode fazer com que o risco da sua cadeia seja absurdamente alto (e se esse fornecedor fechar? Se não tiver caminhões?).

Não estamos dizendo qual a melhor opção. Nesse caso, o bom senso dirá se é melhor ter dois, três ou dez fornecedores. O grande ponto é: ter apenas um fornecedor não é bom. Além da empresa ficar presa e correr o risco com esse fornecedor, o profissional de compras que trabalha por trás dessa operação terá problemas com preços, já que não é possível contatar mais de uma empresa para o serviço.

Além disso, é importante também ter flexibilidade nesse ponto. No nosso país, cerca de 70% dos transportes são feitos por rodovias (CNT, 2020), porém o que impede que as entregas ocorram por multimodais? É de conhecimento geral que o transporte por ferrovias, apesar de mais lento, é muito mais barato que o rodoviário. Até mesmo a opção do transporte aéreo em alguns casos. Ter um fornecedor multimodal pode ajudar a reduzir os custos e aumentar a eficiência da operação.

ARMAZENAGEM

Os problemas de armazenagem estão intimamente ligados às previsões de demanda e de estocagem. Faltar produto não é uma boa ideia, não é mesmo? Sobrar também não. Qualquer um dos dois pontos nos lembra do Muri, Mura e Muda, certo? Desperdício não é uma boa, em nenhum desses dois casos e, levará à perda de dinheiro. Por isso, é essencial possuir departamentos que possam realizar essas previsões.

Aqui, cabe o mesmo exemplo que utilizamos acima para as transportadoras, relacionado à quantidade de fornecedores. Ter apenas um armazém parceiro (ou até mesmo próprio) pode ser um risco gigantesco, uma vez que problemas de contaminação e fiscalização podem ocorrer (mesmo que haja ganhos de escala).

Procurar ter flexibilidade e armazéns especialistas pode ser uma ótima ideia (refrigerado ou perigosos). Nesses casos, o ganho de escala não vem da quantidade de produtos que você armazena ali, mas sim da própria operação do armazém parceiro.

TORNAR A EMBALAGEM DOS PRODUTOS EFICIENTE

Talvez você, caro leitor, já esteja ficando cansado da quantidade de vezes que falei sobre: desperdício. Porém, esse é outro ponto em que vamos falar disso novamente. Começamos por um exemplo:

Qual das seguintes embalagens desperdiça mais espaço quando colocada em uma caixa:
Leite condensado moça antigo. Leite condensado moça atual. Leite condensado moça caixinha

Pense alguns minutos. As três embalagens ocupam espaços diferentes nas caixas. As três embalagens também possuem a mesma quantidade do produto. Tanto na primeira, quanto na segunda embalagem, haverá espaços entre as embalagens dentro da caixa. Já a terceira embalagem, será a mais compacta dentre as três e a que você conseguirá enviar mais do seu produto em um mesmo veículo.

Sabemos da importância da embalagem para o brand e para a fixação do produto na mente do consumidor. Porém, sempre é possível encontrar melhorias e fazer concessões, tanto pelo lado da logística, quanto do marketing, nessa situação.

Outro fator importante aqui pode ser a sustentabilidade. Vale sempre a pena tentar entender qual o material da embalagem será mais caro. Se sua empresa tiver um viés mais ambiental, pode valer a pena trocar as embalagens não degradáveis, como o plástico, por papel (como exemplo, os copos e canudos de fast food, que agora são de papel e não mais de plástico).

POSSUIR VISIBILIDADE DE DADOS

Este é, provavelmente, o ponto mais importante de todo o artigo. Me explico:
• Como saber que há gargalos na operação se não há dados que mostrem isso?

• Como saber se há ineficiência nos transportes, se há envios que poderiam ocorrer por FTL e ocorrem por LTL? Ou o contrário?

• Como entender a performance dos seus fornecedores? Quais KPIs utilizar e onde encontrar esses dados?

• Como saber o peso das cargas? Quais cargas poderiam ter ido juntas (consolidadas)?

• Como entender se a armazenagem tem sido boa? Há muitos picos de demanda?

Esses são somente alguns dos questionamentos que podem ser respondidos com o uso de dados. Ter um control tower ou, até mesmo, um sistema ERP eficiente, pode ajudar a companhia a se destacar e, como abordamos durante todo o artigo, a evitar desperdícios.

Por fim, nunca se esqueça que, no fim da sua cadeia de suprimentos, está seu cliente. Ele deve ser sempre seu foco, mesmo quando há a tentativa da redução de custos, afinal, de que adiantaria ter menores custos se as receitas também são menores? Torne seu cliente seu motivo para reduzir custos, faça com que a satisfação dele seja seu objetivo que valerá a pena reduzir os custos.



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